terça-feira, 21 de novembro de 2017

funk dance funk


funk dance funk

a noite inteira invento Joplin na fagulha
jorrando Cocker na fornalha
funkrEreção fel fala
Fábio parada de Lucas é logo ali
trilhando os trilhos centrais do braZil.

rajadas de sons cortando os ínfimos
poemas sonoros foram feitos para os íntimos
conkretude versus conkrEreção
relâmpagos no coice do coração.

quando ela canta Eleonora de Lennon
lilibay sequestra a banda no castelo de areia
quando ela toca o esqueleto de Lorca
salta do som em movimento enquanto houver
e Federika ensaia o passo que aprendeu com Mallarmé

punkrEreção pancada onde estão nossos negrumes?
nunkrEreção negróide nada.

descubro o irado Tião Nunes
para o banquete desta zorra
e vou buscar em Madureira
a Fina Flor do Pau Pereira.

antes que barro vire borra
antes que festa vire forra
antes que marte vire morra
antes que esperma vire porra,

ó baby a vida é gume
ó mather a vida é lume
ó lady a vida é life!

Artur Gomes 
www.goytacity.blogspot.com

sábado, 18 de novembro de 2017

tropicalirismo



Tropicalirismo

Girassóis pousando
nu teu corpo: festa
beija-flor seresta
poesia fosse
esse sol que emana
do teu fogo farto
lambuzando a uva de saliva doce

Artur Gomes
in Couro Cru & Carne Viva


Algaravia

eu  sou o vento
que remove teus cabelos
e repousa em sua face
a outra face do que sente
mas não vê
a palavra que um dia
escreverá - algaravia
nas películas da memória
da ficção que entender

come poesia menina
come poesia
pois não há mais metafísica no mundo
do que comer poesia


Federico Baudelaire


voragem

não sou casta
e sei o quanto custa
me jogar as quantas
quando vejo tantas
que não tem coragem
presa a covardia

eu sou voragem
dentro da noite veloz
na vertigem do dia

Federika Lispector

entre o sonho e o sossego
 :
o pesadelo

Federico Baudelaire

domingo, 12 de novembro de 2017

jura secreta 27



jura secreta 27

o rio com seus mistérios
 molha meu cio em silêncio
desejo o que nos separa
a boca em quantos minutos
as flores soltas na fala
 o pó dos ossos dos anos 

você me diz não ter pressa
seus olhos fogo na sala
 o beijo um lance de dados
cuidado cuidado cuidado
que sou um anjo de fadas
não beije assim meus segredos

meus olhos faróis nos riachos
meus braços dois afluentes 
pedaços do corpo do rio
meus seios ilhas caladas
das chamas não conhece o pavio


 se você me traz para o cio
assim que o sexo aflora
esta palavra apavora
o beijo dado mais cedo
quebra meu ser no espelho

meu cerne é carne de vidro
na profissão dos enredos
quanto mais água me sinto
presa ao lençol dos seus dedos

o rio retrata meu centro
na solidão de mim mesma
segundo a segundo nas águas
lá onde o sol é vazante
lá onde a lua é enchente
lá onde o rio é estrada 
onde coloca seus versos
me encontro peixe e mais nada



 Artur Gomes 

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

veraCidade


veraCidade

por quê trancar as portas
tentar proibir as entradas
se já habito os teus cinco sentidos
e as janelas estão escancaradas ?

um beija flor risca no espaço
algumas letras de um alfabeto grego
signo de comunicação indecifrável
eu tenho fome de terra e esse asfalto
sob a sola dos meus pés  agulha nos meus dedos

quando piso na Augusta
o poema dá um tapa na cara da Paulista
flutuar na zona do perigo  entre o real e o imaginário
João Guimarães Rosa Caio Prado Martins Fontes
um bacanal de ruas tortas

eu não sou flor que se cheire
nem mofo de língua morta
o correto deixei na Cacomanga
matagal onde nasci

com os seus dentes de concreto
São Paulo é quem me devora
e selvagem devolvo a dentada
na carne da rua Aurora


Artur Gomes

www.fulinaimicas.blogspot.com

juras secretas



Jura secreta 104
para Celso Borges e Lilia Diniz

faz escuro mas eu canto
Thiago de Mello

eu sou quem morre e não deita
Salgado Maranhão

pros meus afins está difícil
por isso esse novo canto
se o  dia  não amanhecer

Querubins e Serafins
o que será de Parintins
Bumba-Meu-Boi
o que será ?

Maranhão meu São Luiz
o que será de Imperatriz
do povo/boi o que será
do povo/boi o que vai ser?




Jura secreta 75

é abissal
o cheiro de esperma e susto
não fosse o ópio
nem cem anos de solidão
provocaria tal efeito
o peito estraçalhado
por dentes enigmáticos

Monalisa
sangra na Elegia do agora
cada deusa tem seu templo
cada mulher tem sua hora

Artur Gomes

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

jura secreta 4



Jura Secreta 4 

a menina dos meus olhos 
com os nervos à flor da pele 
brinca de bem-me-quer 
ela inda pensa que é menina 
mas já é quase uma mulhe

Artur Gomes


Profanalha Nu Rio



Profanalha NU Rio
poema antológico e polêmico de Artur Gomes  escrito no início da década, publicado na Antologia: Transgressões Literárias e no seu livro: SagaraNAgens Fulinaímicas.


Profanalha NU Rio

a flecha de São Sebastião
como Ogum de pênis/faca
perfura o corpo da Glória
das entranhas ao coração

do Catete ao Largo do Machado
onde aqui afora me ardo
como bardo do caos urbano
na velha aldeia CariOca
sem nenhuma palavra bíblica
ou muito menos avária
:
orgasmo é falo no centro
lá dentro da Candelária

Artur Gomes
na foto: Tanussi Cardoso, que escreveu um belíssimo prefácio sobre o livro SagaraNAgens Fulinaímicas

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

jura secreta 103


Jura secreta 103

dois mil e dois
em Porto Alegre era dezembro
num quarto de hotel
entre lençóis de branco linho
teus pelos girassóis em desalinho

a pele rosada como pêssego
a língua eu bebia como vinho

o leite que suguei de teus mamilos
o gosto agora sangue em minha boca
e
o incêndio que apaguei em tuas coxas
agora queima em minha mãos no pergaminho

Artur Gomes

cidade veracidade

onde tudo é carnaval minha madrinha se chamava cecília nunca soube onde minha mãe a conheceu por muitos anos morou na rua sacramento ao la...